segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Tudo começou assim....

Sempre quis ser mãe. Por muito tempo sonhei ser mãe solteira. Aos 18 anos fui morar sozinha, trabalhava desde os 16. Como menina/mulher independente que era aos 18, achava que tinha maturidade o suficiente pra ser mãe e que não precisava me casar pra realizar esse sonho. Aos 20, engravidei. Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida.

Continuava firme nos meus planos de não me casar. Até que minha mãe, preocupada comigo e com o bebê, me mostrou como seria difícil cuidar de um filho sozinha. E seria sozinha mesmo já que meus pais moravam em Salvador na época. Eu e meu namorado resolvemos casar. Casamos no civil, de papel passado. Engraçado é ver o vídeo desse casamento hoje em dia. Eu era uma menina que se achava mulher, madura, dona de si. Eu era uma fedelha. Não sabia de nada. Foi um dos momentos mais lamentáveis da minha vida.

Eu estava com três meses de gravidez quando me casei. Alugamos um apartamento, juntamos nossos trapos. Assinamos em cartório. Enfim, casados. Quatro dia depois do casamento fui fazer uma ultra marcada com antecedência pelo médico para ver finalmente os bracinhos e perninhas do bebê. Só posso dizer o que não vi: seu coraçãozinho batendo. O bebê estava morto na minha barriga há duas semanas. O médico alegou má formação fetal e disse que era muito comum acontecer isso com o primeiro filho. Nunca ninguém havia me dito isso. Tive que fazer uma curetagem pra remover o feto. Foi um dos momentos mais terríveis da minha vida.

Segui em frente. Com uma ferida no peito que achava que jamais iria cicatrizar - e realmente não cicatrizou. Pouco mais de um ano depois, resolvemos tentar novamente. Dessa vez foi uma decisão dos dois. Pensada e desejada. Numa tentativa de salvar o casamento que desde o início começou errado. E engravidei novamente. No mesmo dia que peguei o resultado do exame tive um sangramento. Algumas horas depois já estava em casa, medicada e repousando para tentar manter a gravidez. Uma semana depois, outra ultra e novamente posso dizer o que eu não vi: seu coraçãozinho batendo. Dor, tristeza e uma solidão tão grande que não dá pra descrever. É algo que só quem vive, sabe. Ter que conciliar a perdão com a especulação da família do meu ex-marido sobre a causa dos dois abortos, que sempre giravam ao meu redor. A mulher é sempre culpada nessas horas. Outra curetagem, dessa vez sozinha no hospital. Uma semana depois, a separação definitiva. Foi um dos momentos mais chocantes da minha vida.

Meu médico me contou uma história em seu consultório pela manhã do dia em que me separei: "Eu tinha uma paciente que tentava de todas as maneiras engravidas e nunca conseguia. Quando estava na clínica retirando os óvulos para fazer a inseminação artificial, seu marido entrou como um louco pela porta do consultório e disse que não concordava, que não podia compactuar com aquilo e que não ia ser nem pai do seu filho, nem seu marido. Ela acabou descobrindo que na verdade o marido havia arrumado uma amante que estava grávida de um filho dele. Ela voltou ao meu consultório alguns meses depois, me contou essa história e contou também que estava namorando. Disse a ela que eu tinha certeza que ela iria engravidar, sem tratamento algum. E foi o que aconteceu."

Depois que ele me contou essa história, completou com a seguinte frase: "Tem coisas na vida que só acontecem quando têm que acontecer." E ele estava certo.

Conheci outra pessoa. Não planejava me apaixonar nem namorar, muito menos casar. Quando eu vi estávamos morando juntos e um ano e meio depois, por uma decisão dois, resolvemos ter um filho. Apavorada, desesperada mas completamente ansiosa para realizar meu sonho da maternidade. E em todas as ultras que fiz só tinha uma coisa que realmente me importava ver: seu coraçãozinho batendo. E eu vi e ouvi... até que um dia senti. E esse foi o momento mais especial da minha vida.

E todos os dias nos últimos "oito anos" são dias especiais. E me emociono só de pensar no seu sorriso e no milagre que foi na minha vida poder ter um filho. E não tem como não chorar quando ele vem correndo até meus braços para me abraçar, me beijar e dizer: "Vou ficar com saudade. Você é linda! Se cuida. Te amo até acabar os números. mãe!"

Também te amo meu filho. Você é meu tudo!

E obrigada, mãe. Sem você eu não conseguiria.

Vitor = vencedor